A Incerteza do movimento de uma bola Oval
"¿Qué clase de mundo es éste que puede mandar máquinas a Marte y no hace nada para detener el asesinato de un ser humano?" José Saramago
Um conto das arábias tornado num pesadelo para as economias mundiais.
Depois de prometido o paraíso nas terras dos emirados, eis que começa a chegar a factura para pagar.
Os bancos ocidentais e asiáticos, ajudaram na «criação deste monstro de betão», onde as festanças e o gigantesco desproporcionado das construções chegam agora ao ponto de todo o mundo ficar pendurado e adiado na sua recuperação económica. As principais bolsas mundiais acusaram o toque a rebate, com quedas nos seus indices e pior do que isso, atingindo a moral e confiança das débeis economias.
Os mega arranha-céus, as contruções em palmeira, as pistas de gelo no deserto, os centro comerciais... tudo poderá ser uma miragem... logo agora....
Este país é como que... só visto, contado ninguem acredita. Depois da cegonha que provocou um apagão no Algarve, eis que o subsidio de natal de 2009 entope as linhas da SIBS. Mal dita a hora que os patrões quiseram boicotar o sistema.
- Tenho sim, respondeu o outro. Continuou. Tenho horas marcadas no meu relógio, tenho tempo passado na minha vida, tenho o passar destes momentos no presente que aqui estou à sua frente, tenho futuro sem saber qual e quão frutuoso será.
- E as horas, que horas são agora.
- Não sei de que horas são agora, das que quero ou que você quer, ou daquelas que nós precisamos, mesmo que em ultima análise sejam diferentes....
- Deixe-se de coisas, só lhe perguntei as horas...
- Mas eu só lhe respondi dando-lhe todas as horas e todas as respostas... São 4 horas e 18 minutos... que é que o senhor ganhou com isso? Está no tempo certo? Está adiantado para algo que não deverá fazer? Está a perder tempo? Está atrasado para algo que já deveria ter sido feito....
- Pois não sei... eu só queria saber das horas... mas agora... não sei... quem é você?
- Sou o dono do meu tempo.
- Ninguém consegue ser dono do tempo... só se for do que passou... mas do que vem... virá.
- Engana-se. Aqui estou sentado... enquanto estou aqui sentado o tempo não passa...
- Pois um velho sentado num banco de um jardim, curvado sobre uma bengala...
- Sim um velho... mas já cá cheguei... você aqui não chegou...
- Eu estou aqui...
- Mas daqui não sairá... para si o tempo parou... serão sempre 4 horas e 18 minutos... já eram, são e sempre continuarão a ser...
- Deixe-se de coisas, fantasias e tramas... até depois... até nunca mais... que raio de velho...
- Porque será que o seu pensamento pretende sair mas o seu corpo não continua....
- Não sei... não sei responder...
- Pois não... mal sabe onde está... o poder de decidir já não está nas suas mãos... aqui o tempo não corre... e falhando uma das dimensões as restantes deixam de encaixar...
- As restantes...
- Sim o espaço e o seu espírito... sem o tempo o espaço não se move e perde dimensão, depois o seu eu, confuso e inerte deixa de fazer sentido... depois com alguma sorte ficará sentado numa cadeira de um jardim....
José Penedos, com uma caução de 40 mil euros, suspensão de funções na REN e proibido de contactos com os outros implicados no processo, à excepção do seu filho Paulo Penedos, vê assim confirmado o quão grave e complexo é este processo.
Pergunta-se agora se o papel do estado, leia-se governo, está a ser verificado. Não deveria o ministério da tutela ter obrigado Penedos a demitir-se ou no minimo suspender funções, não dando azo a que seja em instância judicial a proporcionar tal desfecho, lavando por outro lado as mão tal qual Pilatos.
Governo apresenta um orçamento rectificativo ou redistributivo, onde prevê aumentar o endividamento em quase 5 biliões de euros.
Por outras palavras, o estado vai à banca internacional pedir dinheiro emprestado.
Que documentação irá o ministro das finanças ter de apresentar. O IRS, comprovativos de residência, atestados do médico??!!??
Agora Socrates é que vais ver como te doi e o que o povo sofre quando vai à Caixa pedir um empréstimo de uns milhares de euros para fazer uma marquise nova.
Era a 2.ª mão do play-off, para apurar uma equipa para o campeinato do Mundo de 2010.
A França ganha na Irlanda 1 a 0, e no segundo jogo os irlandeses, dominam a equipa gaulesa, obrigando a desempate por prolongamento.
Ficará para a história do futebol a mentira do apuramento françês. Henry, recebe a bola com a mão e ajeita-a num segundo toque com a mesma mão. Marca golo. A equipa irlandesa corre para o árbitro.
A França apurou-se, e será perseguida com o estigma da mentira. Se calhar, sendo uma das históricas candidatas ao titulo, ganhará a prova. Depois da célebre «mão de Deus» de Maradona, outra que terá menção nos anais das memórias futebolísticas.
A FIFA, reclama inocência, que tal como a justiça divina, o que é julgado em campo não terá recurso nem emenda.
Deste ponto do mundo virtual que é a internet, vem-me à descoberta a passagem de mais um ano.
«Fazer anos» representa um ciclo de 365 dias passados, muitas das vezes com que preço que se passam.
Mas este ciclo que passou foi importante, na maior parte do tempo, aconteceram os «post» no «Caderno», houve o famoso passeio do elefante que foi conduzido para além das nossas terras e por fim aconteceu Caim.
Foi também um ciclo com vida, depois da gravissíma perda de saúde. Por certo, muitas marcas ficaram.
Mas quanto a Caim, e quem acompanhou há uns anos atrás a saga do «Evangelho», vem à memória lembranças e recordações.
Desta vez, e tal qual um escritor, homem de letras que defende a punho a sua caligrafia, veio neste outono Saramago defender e lutar contra as teias e novelos das nossas crenças enquanto povo.
Vi outra vez um homem, de peito feito, aberto e de em contra as balas e espadas da artilharia e infantaria, vi do outro lado muitos rebates e atenções às palavras de Saramago. Vi-o sozinho a defender a sua ideia, mas na certeza senti-o sem medo, sem problemas de atingir ou ofuscar da santissíma igreja.
Por fim, ouvi falar de mais um livro, uma tal indústria de armas em que os operários não fazem greves... o que daí virá.
Passou este ciclo de um calendário, sei que o biológico caminha a passos largos, houve tempos em que não esperei que acontecesse um Caim, depois com ele, não pedi outro... agora, e com um pouco de esperança já sonho.
Passou um ano, Saramago foi uma companhia como o tem sido há mais de 20 anos...
Ainda agora «nasceu» o parlamento, versão 2009/2010, e já os lusos politicos desembainham as suas garras.
É o paradigma da falácia politica, onde a maioria busca o confronto verbal.
É o sentimento da falsa discussão, onde a argumentária politica anda à volta dos assuntos, quão carrosel.
O objectivo do governo minoritário e da oposição maioritária em expressão, mas não na comunhão da familia politica, lutará dente por dente, para derrubar o seu próximo.
O programa de governo e o orçamento de estado, existem enquanto processos administrativos para antecipar as próximas eleições legislativas e não como ferramentas de trabalho, para quem governa ou para quem se opõe.
Estamos lixados.
Vamos passar os próximos meses a aturar os dotes vãos e vagos de eloquentes oradores, mas bem vistas as coisas, será um puro verbo de encher.
Os representantes e eleitos pelo povo, desde há muito, senão desde sempre, usavam e abusavam das viagens de avião.
Sob pretenso trabalho parlamentar, desdobravam bilhetes de avião de primeira classe para uma inferior, por forma a poderem fazer-se acompanhar por familiares.
É escandaloso. Fica no arbitrio de cada um julgar.
Os exemplo devem vir de cima. De cima, não chegam boas novas nem iluminadas certezas de justiça ou trabalho em prol da verdade e do povo.
De cima, caem artimanhas, trapaças.
No fundo, sejamos trolhas ou ministros, somos todos bicho homem.
Em tempos de crise, os abutres, leia-se a banca, conseguem recuperar a força através dos clientes.
Spreads altissímos para contrapor aos tempos de juros baixos, taxas e serviços astronómicamente pagos, assim vai a economia de alguns recuperando.
Qualquer dia acorda-se e temos bancos gordos e fartos no meio de um extenso areal de miséria.
Alguém que ponha mão nisto!!!
Mentira, quem pode suavizar e disciplinar, ou regular o mercado, está conivente com esta prática.
Sentem na pela os clientes particulares, que pagam as prestações das casas, carros e demais créditos, e também, as empresas, aquelas que sobrevivem à tona de água, engolindo todos os custos por não terem poder de negociação.
Diante das manifestações que se estão preparando em toda a Europa, de protesto contra o desemprego, escrevi, a pedido de um grupo de sindicalistas, o texto que a seguir se reproduz.
Não ao Desemprego
A gravíssima crise económica e financeira que está convulsionando o mundo traz-nos a angustiante sensação de que chegámos ao final de uma época sem que se consiga vislumbrar o que e como será o que virá de seguida.
Que fazemos nós, que assistimos, impotentes, ao avanço esmagador dos grandes potentados económicos e financeiros, loucos por conquistar mais e mais dinheiro, mais e mais poder, com todos os meios legais ou ilegais ao seu alcance, limpos ou sujos, regulares ou criminais?
Podemos deixar a saída da crise nas mãos dos peritos? Não são eles precisamente, os banqueiros, os políticos de máximo nível mundial, os directores das grandes multinacionais, os especuladores, com a cumplicidade dos meios de comunicação social, os que, com a soberba de quem se considera possuidor da última sabedoria, nos mandavam calar quando, nos últimos trinta anos, timidamente protestávamos, dizendo que não sabíamos nada, e por isso nos ridicularizavam? Era o tempo do império absoluto do Mercado, essa entidade presunçosamente auto-reformável e auto-regulável encarregada pelo imutável destino de preparar e defender para sempre e jamais a nossa felicidade pessoal e colectiva, ainda que a realidade se encarregasse de desmenti-lo a cada hora que passava.
E agora, quando cada dia aumenta o número de desempregados? Vão acabar por fim os paraísos fiscais e as contas numeradas? Será implacavelmente investigada a origem de gigantescos depósitos bancários, de engenharias financeiras claramente delitivas, de inversões opacas que, em muitos casos, mais não são que massivas lavagens de dinheiro negro, do narcotráfico e outras actividades canalhas? E os expedientes de crise, habilmente preparados para benefício dos conselhos de administração e contra os trabalhadores?
Quem resolve o problema dos desempregados, milhões de vítimas da chamada crise, que pela avareza, a maldade ou a estupidez dos poderosos vão continuar desempregados, mal-vivendo temporariamente de míseros subsídios do Estado, enquanto os grandes executivos e administradores de empresas deliberadamente conduzidas à falência gozam de quantias milionárias cobertas por contratos blindados?
O que se está a passar é, em todos os aspectos, um crime contra a humanidade e desde esta perspectiva deve ser analisado nos foruns públicos e nas consciências. Não é exagero. Crimes contra a humanidade não são apenas os genocídios, os etnocídios, os campos de morte, as torturas, os assassinatos selectivos, as fomes deliberadamente provocadas, as contaminações massivas, as humilhações como método repressivo da identidade das vítimas. Crime contra a humanidade é também o que os poderes financeiros e económicos, com a cumplicidade efectiva ou tácita de os governos, friamente perpetraram contra milhões de pessoas em todo o mundo, ameaçadas de perder o que lhes resta, a sua casa e as suas poupanças, depois de terem perdido a única e tantas vezes escassa fonte de rendimiento, quer dizer, o seu trabalho.
Dizer “Não ao Desemprego” é um dever ético, um imperativo moral. Como o é denunciar que esta situação não a geraram os trabalhadores, que não são os empregados os que devem pagar a estultícia e os erros do sistema.
Dizer “Não ao Desemprego” é travar o genocídio lento mas implacável a que o sistema condena milhões de pessoas. Sabemos que podemos sair desta crise, sabemos que não pedimos a lua. E sabemos que temos voz para usá-la. Frente à soberba do sistema, invoquemos o nosso direito à crítica e ao nosso protesto. Eles não sabem tudo. Equivocaram-se. Enganaram-nos. Não toleremos ser suas vítimas.