A Incerteza do movimento de uma bola Oval
"¿Qué clase de mundo es éste que puede mandar máquinas a Marte y no hace nada para detener el asesinato de un ser humano?" José Saramago
Domingo, 17 de Outubro de 2010
Outros Cadernos de Saramago (actualização / vários)
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Vitórias e derrotas
Por Fundação José Saramago
Nada está definitivamente perdido, as vitórias parecem-se muito com as derrotas. Nem umas nem outras são definitivas.
“José Saramago: ‘El hombre actual se dedica sobre todo a hacer zaping”, La Gaceta de Canarias, Las Palmas de Gran Canaria, 7 de Junho de 1998
O arrependimento
Por Fundação José Saramago
A mais inútil coisa deste mundo é o arrependimento, em geral quem se diz arrependido quer apenas conquistar perdão e es- quecimento, no fundo, cada um de nós continua a prezar as suas culpas [...]
In O Ano da Morte de Ricardo Reis, Ed. Caminho, 14.ª ed., p. 282
(Selecção de Diego Mesa)
O amor não resolve nada
Por Fundação José Saramago
O amor não resolve nada. O amor é uma coisa pessoal, e alimenta-se do respeito mútuo. Mas isto não transcende o colectivo. Levamos já dois mil anos dizendo-nos isso de amar-nos uns aos outros. E serviu de alguma coisa? Poderíamos mudá-lo por respeitar-nos uns aos outros, para ver se assim tem mais eficácia. Porque o amor não é suficiente.
“Saramago, el pesimista utópico”, Turia, Teruel, nº 57, 2001
A fama
Por Fundação José Saramago
A fama, ai de nós, é um ar que tanto vem como vai, é um cata-vento que tanto gira ao norte como ao sul, e tal como sucede passar uma pessoa do anonimato à celebridade sem perceber porquê, também não é raro que depois de ter andado a espanejar-se à calorosa aura pública acabe sem saber como se chama.
In Todos os Nomes, Ed. Caminho, 1.ª ed., pp. 29-30
Postura ética
Por Fundação José Saramago
Nem a arte nem a literatura têm que dar-nos lições de moral. Somos nós que temos de salvar-nos, e só é possível com uma postura cidadã ética, embora possa soar a antigo e anacrónico.
“Saramago: ‘Hay que resucitar el respeto y la solidaridad”, El Mundo, Madrid, 22 de Maio de 1996
Essa incorrigível vaguidade
Por Fundação José Saramago
Em rigor, em rigor, penso que as chamadas falsas memórias não existem, que a diferença entre elas e as que consideramos certas e seguras se limita a uma simples questão de confiança, a confiança que em cada situação tivermos sobre essa incorrigível vaguidade a que chamamos certeza.
In As Pequenas Memórias, Ed. Caminho, 2006, p. 120
(Selecção de Diego Mesa)
Condenados desde que nascem
Por Fundação José Saramago
Há que ter em conta que a distância entre os que têm e os que não têm apenas tem paralelismo com a distância entre os que sabem e os que não sabem, e os que não têm são os que não sabem: são condenados desde que nascem.
“Saramago: ‘La Navidad es una burbuja consumista que nos aísla del Apocalipsis”, Agencia EFE, Madrid, 25 de Dezembro de 2006
12 anos depois
Por Fundação José Saramago
A Academia Sueca outorgou o Prémio Nobel a um escritor que literariamente faz o melhor que pode, e que humanamente entende que tem uma responsabilidade pelo simples facto de estar vivo e que esse dever o assume todos os dias e em todas as circunstâncias.
“Saramago: ‘Mi obra literaria es la expresión del respeto humano”, La Jornada, México D. F., 10 de Outubro de 1998
A cabeça dos seres humanos
Por Fundação José Saramago
A cabeça dos seres humanos nem sempre está completamente de acordo com o mundo em que vivem, há pessoas que têm dificuldade em ajustar-se à realidade dos factos, no fundo não passam de espíritos débeis e confusos que usam as palavras, às vezes habilmente, para justificar a sua cobardia.
In Ensaio Sobre a Lucidez, Ed. Caminho, 2.ª ed., p. 133
(Selecção de Diego Mesa)
Circunstâncias muito complexas
Por Fundação José Saramago
Falham os que mandam e falham os que se deixam mandar… São circunstâncias muito complexas as que marcam ou decidem o destino dos homens… Apenas sei que o mundo necessita de ser mais humano e essa é uma revolução pendente, uma revolução que, para além disso, deveria ser pacífica e sem traumas porque seria ditada pelo sentido comum.
“José Saramago”, ABC (El Suplemento Semanal), Madrid, 28 de Maio de 1995
Uma palavra é quanto basta
Por Fundação José Saramago
Quantas vezes, para mudar a vida, precisamos da vida inteira, pensamos tanto, tomamos balanço e hesitamos, depois voltamos ao princípio, tornamos a pensar e a pensar, deslocamo-nos nas calhas do tempo com um movimento circular, como os espojinhos que atravessam o campo levantando poeira, folhas secas, insignificâncias, que para mais não lhes chegam as forças, bem melhor seria vivermos em terra de tufões. Outras vezes uma palavra é quanto basta.
In A Jangada de Pedra, Ed. Caminho, 1986, p. 83
(Selecção de Diego Mesa)
Verdades parciais
Por Fundação José Saramago
Eu creio que não se pode falar de História genuína, porque isso significaria que essa História genuína estaria a comunicar a verdade, ou uma verdade. Mas há um problema: a verdade não existe. Há verdades parciais.
Jorge Halperín, Conversaciones con Saramago. Reflexiones desde Lanzarote, Icaria, Barcelona, 2002
Não se sabe tudo, nunca se saberá tudo
Por Fundação José Saramago
Não se sabe tudo, nunca se saberá tudo, mas há horas em que somos capazes de acreditar que sim, talvez porque nesse momento nada mais nos podia caber na alma, na consciência, na mente, naquilo que se queira chamar ao que nos vai fazendo mais ou menos humanos.
In As Pequenas Memórias, Ed. Caminho, 2006, p. 17
Terça-feira, 28 de Setembro de 2010
Outros Cadernos de Saramago - «Uma força nova»
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Uma força nova
Por Fundação José Saramago
Ao contrário do que é costume dizer-se, duas fraquezas não fazem uma fraqueza maior, fazem uma força nova, provavelmente não é assim nem nunca o foi, mas há ocasiões em que conviria que o fosse [...]
A Caverna, Ed. Caminho, 2.ª Ed., Lisboa, p. 42
(Selecção de Diego Mesa)
Outros Cadernos de Saramago - «Ser impaciente»
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Ser impaciente
Por Fundação José Saramago
À paciência divina teremos que contrapor a impaciência humana. Para mudar as coisas, a única forma é ser impaciente.
“La única forma de cambiar las cosas es ser impaciente”, Clarín, Buenos Aires, 23 de Outubro de 2005
Sexta-feira, 24 de Setembro de 2010
Outros Cadernos de Saramago «Frente aos exércitos»
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Frente aos exércitos
Por Fundação José Saramago
Jamais nós, escritores, mudaremos o mundo. A arte e a literatura carecem de poder frente aos exércitos. Outra coisa é que o artista, ou o escritor, enquanto cidadãos, intervenham para tornar público o seu protesto, e que as suas palavras possam ter um ou outro eco moral.
Todos os cidadãos, escritores ou não, temos não apenas o dever de dizer mas também de fazer. E não apenas na cara do nosso país. Também de frente para o mundo.
“Israel es rentista del Holocausto”, en ¡Palestina existe!, Madrid, Foca, 2002
Outros Cadernos de Saramago «Autoridade e sedução»
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Autoridade e sedução
Por Fundação José Saramago
No acto de escrever coincidem duas posturas, a autoridade e a sedução. Com estas duas pernas, a literatura caminha. O escritor tem um poder sobre o leitor.
“José Saramago: ‘Escribimos porque no queremos morir”, La Provincia, Las Palmas de Gran Canaria, 11 de Março de 1993
Outros Cadernos de Saramago «Comprometido com a vida»
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Comprometido com a vida
Por Fundação José Saramago
Eu estou comprometido com a vida e esforço-me por transformar as coisas, e para isso não tenho mais remédio senão fazer o que faço e dizer o que sou.
“Hay que volver al compromiso: el escritor tiene que decir quién es y qué piensa”, Faro de Vigo, Vigo, 19 de Novembro de 1994
Outros Cadernos de Saramago «Não mudámos nada»
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Não mudámos nada
Por Fundação José Saramago
Gostaria de encontrar-me com Voltaire e dizer-lhe que tinha razão quando tinha a sua céptica e pessimista opinião sobre o género humano. Dir-lhe-ia que teve razão e que muitos anos depois não mudámos nada, que há motivos para pensar que, se ele vivesse no século XX, teria, todavia, muito mais razão.
“El sueño de las olas de piedra”, Diario Uno, Mendoza, 13 de Setembro de 1998
Outros Cadernos de Saramago - «A consciência de participar»
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A consciência de participar
Por Fundação José Saramago
A participação política deu-me algo muito importante, um sentimento solidário muito forte, a consciência de participar numa luta pela humanidade, com todas as sombras históricas que essa luta teve.
“No me hablen de la muerte porque ya la conozco”, El País (Suplemento El País Semanal), Madrid, 23 de Novembro de 2008
Sexta-feira, 17 de Setembro de 2010
Outros Cadernos de Saramago «Uma falácia»
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Uma falácia
Por Fundação José Saramago
É uma falácia falar de uma globalização na qual todas as culturas se mesclariam, dando lugar a uma situação multicultural. O que está a suceder agora é uma laminação das culturas pequenas por uma cultura imperial, que é a ocidental, e sobretudo norte-americana. O que acontece? Que as culturas que se sabem ameaçadas resistem.
Juan Arias, José Saramago: El amor posible, Barcelona, Planeta, 1998
Quarta-feira, 15 de Setembro de 2010
Outros Cadernos de Saramago «Simplesmente humanidade»
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Simplesmente humanidade
Por Fundação José Saramago
Há um personagem [a rapariga dos óculos escuros] no meu livro [Ensaio sobre a Cegueira] que pronuncia as palavras chave: “Dentro de nós há uma coisa que não tem nome. Isso é o que somos”. Do que necessitamos é procurar e dar um nome a essa coisa: talvez lhe possamos chamar, simplesmente, “humanidade”.
“Las palabras ocultan la incapacidad de sentir”, ABC (Suplemento ABC Literario), Madrid, 9 de Agosto de 1996
Outros Cadernos de Saramago «Um trabalho político»
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Um trabalho político
Por Fundação José Saramago
Não vou utilizar a literatura, como nunca o fiz, para fazer política; isso não está nos meus projectos. O trabalho literário é uma coisa e a política é outra, embora este trabalho literário, sem deixar de sê-lo, possa ser também um trabalho político; mas o que eu não faço, e isso sabem-no os leitores, é utilizar a literatura para fazer política.
“Saramago: ‘La posibilidad de lo imposible, los sueños e ilusiones, son la materia de mi escritura”, ABC, Madrid, 20 de Abril de 1989
Outros Cadernos de Saramago «Essa concreta figura»
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Essa concreta figura
Por Fundação José Saramago
Não se pode voltar ao debate sobre literatura e compromisso sem que pareça que estamos a falar de restos fósseis. Limito-me a propor que regressemos ao autor, a essa concreta figura de homem ou mulher que está por trás dos livros e sem a qual a literatura não seria nada. O problema não está em que tenham desaparecido as causas que motivam o compromisso, mas sim que o escritor tenha deixado de comprometer-se.
“Saramago: ‘La posibilidad de lo imposible, los sueños e ilusiones, son la materia de mi escritura”, ABC, Madrid, 20 de Abril de 1989
Outros Cadernos de Saramago «Não se pode matar o amor»
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Não se pode matar o amor
Por Fundação José Saramago
Eu acredito que o sentimento é como a Natureza. Não podemos, em nome da experimentação, da frieza científica, da objectividade e de todas essas coisas, expulsar o sentimento das nossas preocupações e das obras que vamos escrevendo. O sentimento estará sempre na moda, porque homem e mulher sempre sentirão amor. Não se pode matar o amor. Por isso tem uma presença tão importante nos meus romances.
“La isla ibérica. Entrevista con José Saramago”, Quimera, Barcelona, nº 59, 1986
Quinta-feira, 9 de Setembro de 2010
Outros Cadernos de Saramago «A pergunta fundamental das humanidades»
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A pergunta fundamental das humanidades
Por Fundação José Saramago
Do ponto de vista empresarial, não fazem falta as humanidades. A pergunta fundamental das humanidades é o que é o ser humano, enquanto que, para os círculos empresariais e tecnocratas que se ocupam da utilidade imediata, [a pergunta] é para que servem os seres humanos.
“El paso del gran pesimista”, Semanario Universidad, San José de Costa Rica, 30 de Junho de 2005
Quarta-feira, 8 de Setembro de 2010
Outros Cadernos de Saramago «Construir humanidade»
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Construir humanidade
Por Fundação José Saramago
Nem todos os lugares onde o homem vive são sempre humanos. A função dos que têm a responsabilidade do governo e também dos artistas consiste na obrigação de tornar o mundo cada dia mais humano. Por viver em comunidade, a nossa missão, que não é histórica nem muito menos divina, consiste em construir humanidade. Essa tem que ser uma preocupação diária, para que a queda de todos os dias se detenha.
“El paso del gran pesimista”, Semanario Universidad, San José Costa Rica, 30 de Junho de 2005