Ahhh pois é «povinho», os outros meninos são uns maus... e se não fizerem o que eu quero, eu vou-me embora......!!!!!
«Vá lá meninos, portem-se bem... mas porque é que se estão a dar mal se vocês são tão amiguinhosss!!!!
Ohhh que maçada.... aqui o Tio Silva está a ficar agastado...»
A ser verdade este episódio, não passa de mais uma prova demonstrativa sobre o modo como este governo tem sabido viver em democracia. Pelo menos na nossa democracia.
É certo e sabido que os governantes convivem mal com as opiniões diferentes. Com as opiniões discordantes dentro e fora de portas.
Dentro de portas, dentro do próprio partido, onde reina a carneirice e o caciquismo, facilmente se «apagam» os mais «irrequietos» e os menos disciplinados. As «organizações internas» geridas em pirâmide desde as bases, desde a secção de bairro até à sede nacional, sendo aqui o topo da hierarquia, adoptam uma disciplina muito rígida. Quem é a favor e concorda com a voz debitada pelo megafone pode aspirar a um favorzinho ou a um «lugarzinho», quem se apresentar interrogativo é posto de parte.
A cartilha partidária assim o obriga. Dentro de cada partido e à margem de cada núcleo duro das direcções, surgem os «barões» e os «senadores». Neste espectro da política, surgem o Pedro Santana Lopes, o Marcelo Rebelo de Sousa, o António Vitorino, Jaime Gama, Pedro Passos Coelho, Armando Vara... pessoas sem decisão politica mas com força de pensamento e de opinião.
A política nacional é parca em estadistas e visionários, pensadores e filósofos, homens com o dom da palavra associada ao pensamento estrutural da nossa vida e do nosso povo.
O actual governo, o próximo e os que antecederam desde há vários anos, são a prova disto mesmo. A cada esquina esbarramos com equívocos e propostas dúbias. O dom da palavra parlamentar, a quezília entre bancadas é mais importante que a discussão da lei, do problema ou das suas causas.
Os próximos anos vão ser temerosos, são ser afastados da realidade de um povo nascido há quase 1000 anos. Muitos nos seus túmulos que lutaram pela criação do país, que lutaram pela independência nacional, que lutaram por uma forma épica de democracia estão às voltas e voltas a «perguntar» se foi este rumo dado ao legado deixado.
O episódio de uma suposta conversa numa mesa de restaurante, entre três altas entidades governativas do país, salivando, isto a julgar pelo artigo de opinião do Mário Crespo, contra este, são prova de uma certa forma marginal de exercer o poder.
Nos tempos recentes há memória de batalhas entre o poder político e o poder informativo.
Manuela Moura Guedes, José Eduardo Moniz, Marcelo Rebelo de Sousa, e agora, Mário Crespo, são vulgares exemplos da teia do poder. Estes episódios fazem lembrar os tempos do pós-25 de Abril, fazem lembrar a saída de Saramago do Diário de Noticias.
O poder politico é amante do jornalismo, mas também é inimigo desta área. Ora deita-se com eles, ora mete-os fora de casa.
A santa conveniência ao sabor da rosa dos ventos ilude o norte e aponta para onde estiver virado.
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